BC pode frear alta dos juros com a redução no ritmo inflacionário

IGP-MO Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que aponta os rumos da inflação, desacelerou a alta a 0,58% em maio, em linha com as expectativas e favorecido pelos preços de alimentos e de tarifas aéreas, o que pavimenta ainda mais o caminho para o Banco Central (BC) parar de subir os juros agora. Apesar da desaceleração mensal, o indicador – prévia da inflação oficial do país – atingiu 6,31% em 12 meses até maio, ante 6,19% em abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.

A meta de inflação é de 4,5% pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos. Em abril, o IPCA-15 havia avançado 0,78%, enquanto o IPCA 0,67% e, em 12 meses, 6,28%. Os resultados ficaram em linha com as expectativas em pesquisa da agência inglesa de pesquisa Reuters, cujas medianas apontavam alta de 0,56% sobre abril e de 6,29% em 12 meses.
Segundo o IBGE, o principal responsável pela desaceleração do indicador em maio foi o grupo Alimentação e Bebidas, cujos preços avançaram 0,88%, ante alta de 1,84% no mês anterior. Ainda assim, esse foi o grupo com maior impacto em maio, de 0,22 ponto percentual.
Também teve destaque Transportes, com deflação de 0,33% em maio após alta de 0,54% em abril. Isso decorreu sobretudo da queda de 21,26% nos preços das tarifas aéreas, que exerceu o principal impacto negativo no IPCA-15, de -0,11 ponto percentual.
A desaceleração dos preços dos alimentos, após a seca que afetou grande parte do Brasil no início do ano, era esperada pelos agentes econômicos e pelo Banco Central, e vinha se desenhando nos preços no atacado. Nas contas do Banco Fator, o índice de difusão do IPCA-15 caiu em maio a 67,4%, contra 72,9% no mês anterior.
Preço da energia
Mas apesar do alívio nos preços de alimentos, os indicadores de inflação continuam pressionados pelos serviços e preços de administrados, destacadamente a energia elétrica. No IPCA-15, o avanço de 3,76% das tarifas de energia elétrica representou o maior impacto em maio, de 0,10 ponto percentual, segundo o IBGE. Com o intuito de controlar a inflação, o BC tirou a Selic ao longo de um ano da mínima histórica de 7,25% para os atuais 11%, mas já sinalizou que deve parar com o aperto monetário na próxima semana, quando o Comitê de Política Monetária (Copom).
O alívio nos preços dos alimentos dá força aos argumentos do BC, que vem destacando que essa escalada seria temporária e que é preciso aguardar para avaliar os efeitos defasados do aperto monetário. Entretanto, a perspectiva é de que o IPCA continue subindo e encerre o ano a 6,43%, segundo economistas consultados na pesquisa Focus do BC desta semana, com alta de 4,95% nos preços de administrados.
– A desaceleração (do IPCA-15) já era esperada e tudo corrobora a visão dominante de estabilidade da Selic na semana que vem. Não tem nada que deva alterar isso. Mas, com a continuidade da trajetória crescente da inflação, está contratado um novo ciclo (monetário) contracionista para 2015, começando em fevereiro – disse a economista da CM Capital Markets Camila Abdelmalack.



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