Secom da Presidência da República contrata algoz de Gushiken como ‘secretário adjunto’

Gushiken
Embora o Partido dos Trabalhadores tenha perdido, em 13 de setembro de 2013, uma de suas figuras históricas, lutador pelas causas sociais e amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, companheiro de mais de 30 anos de luta sindical e política, a memória de Luiz Gushiken é colocada à prova no governo da presidenta Dilma Rousseff.

Gushiken participou da fundação do PT, foi presidente da legenda, três vezes deputado federal e ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom-PR) até julho de 2005. Naquele momento, em meio às denúncias do ‘mensalão’, deixou o cargo. Em 2012, no julgamento da Ação Penal 470 (AP 470), foi absolvido de todas as acusações. A matéria que começou a assassinar a reputação de Gushiken e a derrubá-lo da Secom foi publicada na revista semanal de ultradireita Veja, edição de 6 de julho de 2005: Ação entre amigos, do repórter Ronaldo França. A reportagem levantava acusações sem nenhuma prova capaz de sustentá-las.
A história, repleta de afirmações infundadas e sempre em tom de suspeita, afirmava que “Gushiken também exercitou sua influência para nomear o titular da Secretaria de Previdência Complementar, do Ministério da Previdência Social, Adacir Reis, que foi assessor de seu gabinete no Congresso. Apesar de sua influência no setor, quando ainda estava à frente da empresa, Gushiken não tinha tantos clientes quanto seus sucessores conquistaram”. As afirmativas não passavam de um amarrado de mentiras.
“Não foi só. Em parceria com as empresas PricewaterhouseCoopers e Kiman Solutions, a Globalprev foi contratada pela Petros para gestão do fundo de pensão dos funcionários da Sanasa, a companhia de saneamento do município de Campinas. Há indícios de favorecimento no ofício em que o secretário-geral da Petros, Newton Carneiro da Cunha, indicado por Gushiken, propõe a contratação do grupo de empresas integrado pela Globalprev. Ele defende a contratação sem tomada de preços em virtude de “notória especialização” da parceria formada pelas três companhias. ‘Notória especialização’?”, acrescenta o então repórter da revista, que viu sua tese desmontada na Justiça, quase uma década depois, quando Gushiken já estava mal de saúde.
Quase nove anos já se passaram e o mesmo Ronaldo França, cuja reportagem deu início à queda de Gushiken, está trabalhando desde o final de fevereiro na mesma Secom de onde Gushiken precisou sair para defender sua honra. No expediente da Secretaria, França aparece como secretário adjunto de imprensa. Em outra área do portal, é apresentado como assessor especial da Secretaria Executiva.
Segundo informação da Secom à editora Conceição Lemes, do site Viomundo, ele foi contratado para cuidar, até julho deste ano, das ações do governo para a Copa do Mundo, uma das prioridades do governo da presidenta Dilma Rousseff.
“Daí uma pergunta óbvia: como alguém que disse que o PT ‘sucumbiu à praga do patrimonialismo que sufoca o Estado brasileiro’ pode agora defender um governo do PT justamente no local que ajudou a detonar?”, questiona Lemes.
“Independentemente da duração do trabalho e da qualificação do jornalista, essa contratação é estranha. É mais do que um deboche. É um desrespeito à memória de Gushiken. É tapa na cara da família. É bola nas costas da militância, que sua a camisa e amassa barro. E um emblema de como Dilma, a direção do PT e o governo lidam com a Comunicação e estão reféns da mídia tradicional”, conclui a jornalista.



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